O valor de dados e informações

“Na medida em que co-evoluímos com a tecnologia aprendemos que, embora não possamos domesticar o tempo, podemos aumentar exponencialmente o que é possível de se fazer no tempo.

O recurso natural mais valioso do mundo é …… Dados. O valor dos dados aumenta exponencialmente quando se relacionam de forma inteligente com a tecnologia.”

Dave Copps – CEO / Worlds
Webinar “AI – When is it Coming and What will it Mean” – 11/06/2020
https://www.youtube.com/watch?v=bBXEIR_oF1g

 

Desde jovem aprendi o valor dos dados e informações.

A primeira questão foi perceber a diferença entre dados e informações. O dado em si não é tão relevante. Torna-se relevante apenas quando diversos dados se inter-relacionam para produzir a informação. A informação adquirida é a que é percebida pelo nosso cérebro e nos permite daí em diante fazer análise, diagnóstico, tomar decisões e só então iniciar a ação.

Aprendi também que este processo é a base da lógica analítica e que tentar encontrar atalhos neste processo é ineficiente e ineficaz. Compreender o processo, entretanto, auxilia muito a melhorar a tomada de decisão e a posterior ação.

 

Informação é poder?

Descobri ao longo dos anos que a frase “informação é poder” é apenas parcialmente verdadeira. Aqui devemos distinguir duas questões presentes na questão:

  1. a) deve-se “filtrar inicialmente o que é informação do que sejam dados (lembrando que algumas informações obtidas a partir de um conjunto de dados pode transformar-se em dados para o seu processamento e a obtenção de novas informações), possuir boas ferramentas para o processamento dos dados gerando informação útil para os nossos fins e possuir a capacidade intelectual e técnica de compreender corretamente a informação disponível. A experiencia me revelou que esta última condição é “difícil de se achar no mercado” (as inúmeras causas deste fenômeno não serão discutidas neste artigo, mas, certamente, passam pela deficiência nos sistemas de educação, desde a básica até a profissional), e;
  2. b) os fins para os quais é utilizada a informação produzida. A informação produzida e utilizada dentro de padrões éticos e morais, fornece um poder a quem a possui que podemos definir como sendo uma oportunidade de obter “benefício pessoal” ao conferir a tal pessoa um diferencial competitivo. Entretanto, este diferencial torna-se válido aos olhos da sociedade apenas na medida em que acabe contribuindo para gerar valor para toda a sociedade. É a natureza da lógica do “livre mercado” e da meritocracia. Já quando inexistem limites impostos pela ética e a moralidade, a informação pode ser manipulada o que geralmente acontece por sua vez quando se deseja manipular com ela pessoas e grupos de pessoas. Deste fato decorre uma das possibilidades de adquirir poder sobre as pessoas, um poder ilegítimo uma vez que se origina numa fraude, a de manipular dados e informações com o fim de apresentar uma “realidade” falsa. A melhor defesa para quem não quer ser enganado é compreender bem todo o processo de geração da informação, com o objetivo de detectar em que parte dele é que se encontra a fraude (geralmente se trata da omissão de determinados dados e/ou informações adicionais).

 

Informação e tecnologia

O conhecimento e valor agregado pelo conhecimento adicionado e acumulado ao longo dos séculos é o que promoveu e promove o progresso e a melhoria das condições de vida. O conhecimento e o conhecimento agregado só se produzem na medida em que se tem acesso à informação, que se agrega à informação acumulada, somada à capacidade intelectual e técnica desenvolvida pelos seres humanos, gera inovação que, por sua vez, gera progresso.

O desenvolvimento de tecnologia é parte da evolução e do progresso. Ela é gerada de tal forma que frequentemente confunde-se a relação de causa e efeito ao longo do processo – inicialmente é efeito ou consequência desse progresso para, então, tornar-se elemento chave para a geração de novos desenvolvimentos.

O desenvolvimento tecnológico e o progresso são e se se confundem frequentemente também com o que chamamos de mudança, ou seja, quando o presente deixa de ser igual ao passado que esperávamos, com base na lógica ou apenas na percepção intuitiva, e nos defrontamos então com um novo futuro para o qual não temos certeza se estamos preparados a enfrentar pois, naturalmente, por ser novo, nos faltam ainda dados e informações para interpreta-lo adequadamente (as reações das pessoas provocadas por esta incerteza ou, se preferirem, este sentimento, não serão discutidas neste artigo mas, pela importância deste fenômeno no processo de gestão, acrescento que dá origem a um processo e a uma metodologia que visa minimizar os efeitos destas reações adversas diante da mudança chamado de “Gestão da Mudança”. Trataremos disto em momento oportuno).

A nossa realidade indica que o processo de mudança continua a acelerar-se. O vetor catalizador é geralmente identificado como sendo a capacidade que adquirimos de capturar e armazenar dados assim como a velocidade em que conseguimos processá-los, ou seja, o enorme volume de novas informações a que temos acesso. Destas afirmações se derivam e contribuem a dar sentido às duas frases citadas no início deste artigo.

Esclarecendo: precisamos aprender e compreender que hoje temos condições – oportunidade – de fazer muito mais que no passado na mesma quantidade de tempo pois não precisamos gastar tanto tempo em “ir atrás” de dados novos nem de “processar esses dados” manualmente. A tecnologia atingiu tal grau de desenvolvimento que isto é o que ela nos oferece de vantajoso. Também precisamos aprender e compreender que esta tecnologia não trará benefícios por si só, mas que precisamos “domestica-la” de forma inteligente (ação humana) para que gere valor real à sociedade. A consequência lógica destas afirmações é que precisamos desenvolver e adquirir novas competências específicas para lidar com este fato e com a sua aceleração, potencializando os seus benefícios e nos prevenindo dos seus perigos inerentes, como já mencionamos.

 

Impactos na gestão

Quem for capaz de adquirir estas competências e aproveitar as oportunidades que a tecnologia já desenvolvida nos oferece será capaz de adquirir uma vantagem competitiva relevante a baixíssimo custo. Isto é gestão. Isto, adquirir tais competências e então tornar possível usufruir dos benefícios que esta oportunidade nos apresenta, faz parte do processo de gestão do negócio. Porque então os pequenos e médios negócios apresentam baixa penetração na utilização de tecnologias da informação (TI) se elas podem trazer tantos benefícios, como estamos afirmando?

Algumas das possíveis causas é o desconhecimento e a falta de preparo para lidar com elas; uma percepção de que elas ainda são muito caras como para justificar o investimento, ou, ainda; a falta de uma correta percepção das oportunidades e dos benefícios decorrentes que estas tecnologias apresentam nos dias de hoje.

Perfil do Autor

Cristian Welsh Miguens
Cristian Welsh Miguens
Sócio Diretor da IRON Consultoria

Foi Presidente do IBCO-Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização e Delegado diante do ICMCI; é sócio Diretor da IRON Consultoria; foi Professor da Escola de Negócios da Universidade Anhembi Morumbi em São Paulo.

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Sócio Diretor da IRON Consultoria Foi Presidente do IBCO-Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização e Delegado diante do ICMCI; é sócio Diretor da IRON Consultoria; foi Professor da Escola de Negócios da Universidade Anhembi Morumbi em São Paulo.