Confiabilidade das fontes de informação
Nas seções anteriores deste artigo já tratamos da relação entre dados e informações com o processo de tomada de decisão. Também provocamos uma reflexão quanto a se ter acesso a mais informações e dados pode ajudar ou não a melhorarmos a gestão do negócio e a ter melhores resultados, mais ganhos. A proposta agora é refletirmos sobre a confiabilidade dos dados e informações que se encontram a nossa disposição.
Dados não são fatos: confiabilidade
Nem sempre dados são fatos. Lembremos que informações são “dados processados”, ou seja, são geradas a partir de dados. Então, existem dados errados, falsos, exagerados, verdadeiros tão somente diante de determinadas circunstâncias, dados que podem ser comprovados, dados que não podem ser comprovados, etc. E se estendermos o raciocínio para as informações, além de terem sido processadas a partir de dados falsos ou errados, posso ter usado um método para processá-las que nem todos concordam ser o mais adequado e então poderão ser contestadas. Em suma, se vou usar determinados dados e informações, preciso confiar que tais dados sejam corretos para os fins para os quais eu vou usa-los.
A responsabilidade é sua
Tipicamente usamos dados ou para tomar decisões ou para tentar convencer outros sobre a correção de um determinado raciocínio ou a conveniência ou não de concordar com algum argumento, tese ou hipótese. Mais uma vez, então, precisamos confiar na informação se é que vamos tomar uma decisão lastreada em tal informação ou ainda se formos aderir ou não a um determinado argumento ou determinada tese ou hipótese. A pergunta imediata é como posso me garantir para ter certeza que determinado dado ou informação é verdadeira ou não? Não há como ter 100% de certeza!
Isto significa que você terá que fazer um juízo de valor. Você terá que fazer seu próprio julgamento a cada nova informação que deseje usar. Você pode, por preguiça, conveniência ou até por convicção – a certeza gerada pela fé que você tem em algo ou alguém – assumir, sem maior esforço, que a informação é verdadeira. Ou então você pode adotar procedimentos para reduzir o risco de que a informação esteja errada e então tomar decisões ou assumir argumentos equivocados (por exemplo, checar o histórico da fonte, cruzar estes dados com o de outras fontes, ver se a informação é coerente com outras informações relacionadas, etc.). O que você não pode fazer – embora boa parte das pessoas o façam – é, quando e se descobrir que a informação estava errada, pôr a culpa na fonte. Você é responsável pelos seus atos e pelas decisões que tomou, incluindo a decisão de confiar ou não na fonte e na informação usada.
Veja o exemplo das agencias de checagem de “fake news”. Em teoria elas assumiram a tarefa de pesquisar por você e lhe garantir quais os dados e informações seriam corretos e quais seriam falsos. Entretanto, seja lá pelo motivo que for, as próprias agências checadoras começaram a produzir as próprias “fake news”! Conclusão: delegue tarefas, mas, nunca delegue a sua responsabilidade sobre aquilo que você considere ser chave para a sua tomada de decisão.
Meias verdades – instrumento para nos induzir ao erro
Se você já concluiu que procurar elementos que lhe permitam decidir se um dado ou alguma informação é verdadeira ou falsa é complicado e trabalhoso, pense o trabalho que terá para confiar ou desconfiar de “meias verdades”. As meias verdades são muito mais comuns do que você pode imaginar. Elas mostram apenas uma parte da realidade, mas, escondem ou disfarçam aquilo que não é de interesse da fonte de dados ou informações de mostrar. A informação como um todo é falsa, mas, difícil de contestar, pois tem sempre uma parte, e só uma parte, que é verdadeira. O motivo de gerar uma meia verdade é a de iludir quem se interesse em usar tal informação para tomar uma decisão ou aderir a uma determinada tese ou argumento.
Henry Hazlitt, no livro “Economia numa única lição” aborda esta questão de forma muito precisa. Basicamente diz que, usando a analogia da matemática, toda equação tem dois lados separados por um símbolo de igual (=). As pessoas, já seja por desconhecimento ou então por má intenção, quando desejam convencer outras que uma determinada informação é verdadeira, mostram apenas ou sobrevalorizam um lado da equação, deixando de lado, disfarçando ou omitindo o outro lado da equação. Isto é muito usado ao manipular as conclusões relacionadas com determinados levantamentos estatísticos. O método é utilizado com muita frequência nas empresas para iludir interlocutores sobre a conveniência de seguir um determinado rumo ou outro, muitas vezes ligado a decisões que envolvem alocação de recursos financeiros (investimentos, despesas, orçamentos, etc.).
Está a fim de mudar para usufruir dos benefícios da informação confiável?
Se conseguiu ter a paciência de ler até aqui, provavelmente já concluiu que a tarefa de julgar se uma informação é confiável ou não demanda empregar tempo, energia e recursos. Se você tentou imaginar quanto tempo, energia e recursos terá que empregar apenas para decidir se uma informação é confiável ou não, provavelmente já ficou cansado apenas de pensar nisso. A primeira reação normalmente será que você não tem tempo suficiente. O cuida do negócio, do dia a dia, ou cuida de verificar se as informações que você usa são ou não confiáveis. Entretanto, lembre que mesmo que você não perceba, no dia a dia, ao tomar decisões sobre o seu negócio, você as toma com base em alguns dados e informações que estão na sua cabeça ou que você coleta de alguma forma. Você já faz isso. Decidir não pensar se a informação que você usa para tomar decisões é confiável ou não, omitir-se com relação a esta questão, é a melhor solução que você pode adotar? Se a pergunta lhe fez balançar, então continue a ler este artigo e prossiga com a reflexão.
As alternativas a meu dispor
A reflexão a seguir envolve avaliar as alternativas com relação as suas atitudes.
A primeira alternativa que me ocorre é adotar uma atitude tipo “deixa a vida me levar”, “seja o que Deus quiser” ou então “isso dá trabalho e a sorte sempre me ajudou”. Significa nada muda. Significa também que os seus negócios não vão piorar nem melhorar, continuarão a estar do jeito que estão.
A segunda alternativa, na minha humilde opinião, seria a do tipo “me engana que eu gosto”. Ou seja, fazer de conta que as informações que normalmente uso são todas verdadeiras. Não vou questionar nada. Vou continuar como está. A conclusão lógica é a mesma da alternativa anterior. Nada muda e os meus negócios continuarão como até o presente.
A terceira alternativa seria também continuar como até hoje, numa atitude do tipo “em time que está ganhando não se mexe”. É também uma atitude de evitar mudanças, que a princípio pode parecer de mais baixo risco. A minha experiência me indica que, no ambiente de negócios atual, se você não muda com o ambiente alguém tomará o teu lugar no futuro. Ou seja, mais cedo ou mais tarde o seu negócio enfrentará sérias dificuldades.
A quarta alternativa é a que eu chamo de alternativa “profissional”. Certamente é a que eu recomendaria. Significa, de início, mapear – listar – quais são as informações relevantes que você usa no dia a dia para tomar decisões, avaliar o quanto as fontes atuais de tais informações e as próprias informações são confiáveis e finalmente escolher as que usaria daqui em diante. Se o seu tempo disponível não é suficiente para investir nesta tarefa, arrume tempo para identificar quais dentre as tarefas diárias de sua rotina de fato só você pode executar. As outras você delega em alguém que possa executá-las tão bem quanto você. Se não tem ninguém, procure alguém. Agora que “criou” tempo para você. Invista a tarefa de mapear – listar – quais são as informações relevantes que você usa no dia a dia para tomar decisões, avaliar o quanto as fontes atuais de tais informações e as próprias informações são confiáveis e finalmente escolher as que usará daqui em diante. A melhor qualidade de informações provavelmente fará com que tome melhores decisões, o que se refletirá nos resultados do seu negócio.
Iniciando a transformação digital do seu negócio
Aos poucos, repetindo o processo, você vai descobrir o valor das informações confiáveis e o impacto nos resultados do negócio de se tomar decisões suportadas em informações relevantes e confiáveis. Com o tempo, necessariamente, você mesmo concluirá que o próximo passo para continuar melhorando será um melhor emprego da tecnologia para obter melhores dados e informações confiáveis. Então vai automatizar, pelo emprego da tecnologia, decisões de rotina previsíveis (por exemplo, e apenas um de milhares de exemplos possíveis, enviar um e-mail aos seus clientes que há mais de 15 dias que não fazem uma compra, para estimular novas compras). Isto vai liberar mais tempo seu e o dos seus colaboradores que poderão então dedicar-se a formular novas estratégias, a definir novas políticas, a desenvolver novos processo, a construir novas alternativas de atender melhor os seus clientes, a expandir a base de clientes e a de melhorar os resultados do seu negócio.
Todo este processo é uma super-simplificação do que pode ser alcançado quando se começa a gerir usando dados e informações confiáveis. Não adianta continuar argumentando sobre os benefícios disto. Basta você tomar a decisão de mudar e então começar o processo. O resto você irá sentir nos resultados.
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